O grande ídolo e bicampeão mundial fechou negócio por R$400 milhões e inaugurou o movimento de clubes-empresas.
É óbvio que nem todo esse valor será destinado para a compra de jogadores. Apesar disso, muitos torcedores ficaram empolgados com a novidade e começaram a imaginar como ficaria o seu time do coração com um aporte financeiro para contratar reforços.
Por isso, criamos o “Cartola da vida real” e montamos um time com os R$400 milhões disponíveis. No fantasy game, você escala os jogadores dentro do orçamento estipulado. Será que a nossa seleção ficaria forte? Veja mais!
SAF, a novidade do futebol brasileiro
Antes de montar o “time dos sonhos” com R$400 milhões, é importante explicar o que significa a venda dos clubes para empresários ou fundos de investimento.
O Brasil entrou na era da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). De forma resumida, o modelo permite a conversão em clube-empresa e abre espaço para os investidores comprarem uma parte das entidades, que até então eram formadas, na grande maioria, como associações sem fins lucrativos.
A Lei nº 14.193/2021 foi responsável por oficializar o modelo de SAF e criou uma série de garantias legais para os investidores, mas também definiu regras para a reestruturação dos clubes, que sofrem com dívidas e problemas financeiros.
Até o momento, dois grandes clubes já adotaram o formato: Cruzeiro e Botafogo. O clube mineiro, por sinal, teve 90% das suas ações compradas por Ronaldo Fenômeno, que iniciou a sua carreira em Belo Horizonte e agora retorna como o dono do time celeste.
Já o Botafogo recebeu aporte de John Textor, um bilionário americano que também é acionista do Crystal Palace (Inglaterra) e fez fortuna no mercado de tecnologia. Os dois empresários investiram R$400 milhões cada, que serão voltados para a gestão dos clubes.
A conversão em SAF não é automática e nem obrigatória. A Lei, na verdade, apenas criou um mecanismo para as agremiações equilibrarem suas finanças e pagarem suas dívidas. Apesar disso, os clubes podem optar por manter o seu modelo associativo. A transformação em SAF precisa ser aprovada no Conselho Deliberativo.
Investimento não é (só) para compra de jogadores
Depois do anúncio do aporte milionário, muitos torcedores ficaram empolgados com a possibilidade de grandes contratações em breve. Memes lotaram as redes sociais com o sonho de trazer grandes astros para o Brasil, como Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Porém, não é assim que vai funcionar.
Os investidores têm liberdade para gastarem o dinheiro como bem entenderem, mas a Lei que criou a SAF definiu algumas regras importantes para diminuir as dívidas. Por exemplo, 20% da receita obtida deve ser direcionada para as associações e serve para ajudar a quitar as pendências.
Ronaldo Fenômeno, o novo mandatário do Cruzeiro, definiu uma política de corte de gastos nos primeiros anos. Reforços que já estavam fechados com o clube tiveram que renegociar salários. O ídolo encontrou uma situação tão ruim que alguns rumores indicaram até uma possível desistência, mas as coisas agora parecem entrar no eixo.
Ou seja, antes de sonhar com grandes reforços, os clubes precisam deixar as contas em dia. Com uma gestão profissional, então será possível pensar em contratações e times milionários. O Flamengo é um exemplo de clube que, mesmo sem a SAF, reestruturou as suas contas e hoje tem poder aquisitivo para trazer reforços internacionais.
Futebol brasileiro movimenta milhões em contratações
Por falar nisso, o futebol brasileiro vive uma fase de bonança nos reforços. O seu DNA de país exportador de grandes talentos não mudou, mas alguns clubes têm poder aquisitivo para fechar contratações milionárias e montarem times com altas folhas salariais.
Recentemente, o Flamengo efetivou a compra de dois atacantes: Gabigol e Pedro. Somados, eles custaram quase R$200 milhões aos cofres rubro-negros. E não parou por aí: Andreas Pereira (R$60 milhões), Thiago Maia (R$25,5 milhões) e Michael (R$34,5 milhões) foram outros exemplos nas últimas temporadas.
Atual campeão brasileiro, o Atlético-MG teve apoio de investidores para reforçar o seu elenco com jogadores que estavam no futebol internacional. Matías Zaracho, Nacho Fernández, Hulk e Guilherme Arana foram peças fundamentais para os títulos conquistados em 2021.
Já o Red Bull Bragantino investe em talentos do mercado nacional para revender futuramente, ao passo que Corinthians e São Paulo são times que aproveitaram jogadores sem contrato ou pagaram valores baixos para melhorar suas escalações.
Montando um time de R$400 milhões no futebol brasileiro
Chegou a hora de fazer o “exercício” e montar um time com os R$400 milhões que foram investidos em Cruzeiro e Botafogo. Pegamos como base os valores gastos nas últimas duas janelas de transferências, o que inclui jogadores que foram contratados sem custo. Os valores com luvas e outros aditivos no contrato não fazem parte da conta, então o investimento seria maior na montagem do elenco. Também é possível que alguns jogadores tenham se valorizado nos meses seguintes.
Veja um exemplo de time no nosso “Cartola” com orçamento de R$400 milhões para disputar o Campeonato Brasileiro e outras competições no país!
Fábio – sem custo
Ídolo do Cruzeiro, o experiente goleiro perdeu espaço na nova realidade do clube e não teve seu contrato renovado. Depois, acertou com o Fluminense, onde vai disputar a Libertadores e brigar pela vaga de titular com Marcos Felipe. Pegando como base a saída do Cruzeiro, nessa nossa brincadeira o goleiro viria, portanto, “de graça” para o time de R$400 milhões.
O futebol brasileiro não teve grandes transferências de goleiros nos últimos meses, então Fábio é um nome de segurança para começar o time e traz uma longa bagagem embaixo das traves. Foi eleito duas vezes o melhor goleiro do Brasileirão e é conhecido por ser um ótimo defensor de pênaltis.
Vanderson – R$76 milhões
O lateral seria um investimento alto, mas com grande potencial para entregar desempenho esportivo e valorização futura. Mesmo na campanha do rebaixamento do Grêmio, foi um dos destaques da equipe e tem apenas 20 anos de idade.
Ao fim do Brasileirão, foi negociado com o Monaco por €12 milhões (R$76 milhões). É um jogador com grande presença ofensiva e que, em um time mais bem estruturado, tem chances de render mais e conquistar a torcida.
Guilherme Arana – R$29,2 milhões
Revelado pelo Corinthians, o lateral teve passagem apagada pela Europa e foi emprestado ao Atlético-MG. A aposta deu muito certo e Arana se consolidou como o melhor jogador da posição no país e foi convocado para a Seleção Brasileira.
Em junho, o Galo comprou os 50% dos direitos econômicos do jogador, que pertenciam ao Sevilla. Antes, pagou também pelo período de empréstimo, então a negociação toda girou em torno de €5 milhões (R$29,2 milhões). Com apenas 24 anos, o lateral se destaca com assistências e sempre leva perigo pelo lado esquerdo.
Junior Alonso – R$47 milhões
O xerife da zaga do Atlético-MG acabou de ser negociado com o Krasnodar, da Rússia, por R$47 milhões. O jogador se destacou durante a temporada vitoriosa do clube e formou uma das melhores duplas do país, ao lado de Nathan Silva.
No nosso time hipotético, Alonso chegaria para ser o capitão, posto que ocupou durante os títulos do Brasileirão e Copa do Brasil pelo Galo. É um jogador versátil, que também pode jogar como lateral-esquerdo, e tem vigor físico e experiência em competições internacionais.
Luan Peres – R$25 milhões
Ao lado de Alonso, Luan Peres poderia formar uma das duplas mais competentes do futebol brasileiro. O jogador teve um bom desempenho no Santos e foi negociado com o Olympique de Marselha, da França, por R$25 milhões. A contratação foi um pedido de Jorge Sampaoli — os dois trabalharam juntos em 2019.
Peres é canhoto, assim como Junior Alonso, então os dois precisariam de entrosamento para achar suas posições na defesa. Apesar disso, é um jogador que, mesmo com altura mais elevada (1,90m), se destaca na qualidade do passe e na saída de bola, além de também jogar em outras posições.
Thiago Maia – R$25,5 milhões
Revelado pelo Santos, Thiago Maia não conseguiu se firmar na Europa e foi emprestado ao Flamengo. Não é titular absoluto na equipe, mas convenceu o clube a exercer o direito de compra por €4 milhões (R$25,5 milhões).
É um valor relativamente baixo para uma posição carente no futebol brasileiro, porque volantes com qualidade técnica estão em falta. No nosso time, jogaria como primeiro homem de meio-campo e responsável pela contenção.
Andreas Pereira – R$60 milhões
Ex-Manchester United, o volante foi adquirido em definitivo pelo Flamengo por R$60 milhões. É um excelente segundo jogador de meio-campo e tem rodagem internacional, o que é importante para ter sucesso. Também pode exercer uma função mais adiantada se for necessário.
Ficou marcado pela falha na final da Libertadores, contra o Palmeiras, mas tem tudo para se recuperar. Também se encaixa na política de investir em jogadores mais novos, porque tem 26 anos e lenha para queimar.
Claudinho – R$92 milhões
É o maior investimento da equipe e levaria 23% do orçamento disponível. Porém, a contratação é justificada pela sua qualidade indiscutível. Craque do Brasileirão em 2020, tem apenas 25 anos e pode gerar lucro no futuro, mas também entrega rendimento em campo.
Em 2021, foi negociado com o Zenit por €15 milhões (R$92 milhões) e foi o primeiro grande exemplo da política de revenda do Red Bull Bragantino. Seria o camisa 10 da nossa equipe e o responsável por armar o jogo, além de aparecer com gols e assistências no ataque.
Douglas Costa – custo zero
Jogador de nível internacional, Douglas Costa chegou ao Grêmio como uma das melhores contratações para a temporada. Apesar disso, o atacante voltou a conviver com lesões e ainda teve problemas com a torcida, o que encurtou sua passagem em Porto Alegre.
Livre no mercado, foi anunciado há pouco tempo pelo Los Angeles Galaxy, dos Estados Unidos. É uma aposta arriscada, porque tem um salário alto e pode perder jogos por problemas físicos, mas vale o risco por não ter custos de aquisição. Seu talento é indiscutível.
Diego Costa – custo zero
O brasileiro naturalizado espanhol teve uma carreira sólida no futebol europeu, com passagens por Atlético de Madrid e Chelsea. Foi repatriado pelo Atlético-MG em 2021 e fez alguns jogos na campanha do título brasileiro, mas sem brilhar.
Apesar disso, é um atacante de alto nível para o futebol brasileiro e com experiência de sobra. Assinou uma rescisão amigável com o Atlético e agora está na mira do Corinthians, mas ainda não tem destino definido. Como viria por custo zero, seria uma ótima barganha para reforçar o ataque.
Michael – R$45 milhões
Destaque no Goiás em 2019, Michael viveu uma verdadeira montanha-russa no Flamengo, mas terminou sua passagem no clube por cima. Antes criticado pela torcida, foi destaque da equipe no Brasileirão 2021 e fechou como o artilheiro rubro-negro, mesmo saindo do banco em alguns jogos.
Em janeiro, foi negociado com o Al-Hilal por R$45 milhões e gerou lucro para o Mais Querido, que pagou valor inferior ao Goiás. É um atacante rápido e habilidoso que joga na ponta e sempre tem potencial para incendiar o jogo. Peca na tomada de decisões, mas é um grande reforço para qualquer clube.
Nesse exercício, o time teria um valor de R$399,7 milhões em contratações, ou seja, sobrariam apenas R$300 mil do orçamento. Outros jogadores qualificados ficaram de fora, mas poderiam também entrar na lista. É o caso de Patrick, Paulinho e Nikão, por exemplo.
Você acredita que o nosso time do “Cartola da vida real” teria capacidade de disputar o título do Brasileirão ou da Libertadores? Faça o mesmo exercício e monte também a sua seleção com R$400 milhões!
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