A contratação do jovem Erling Haaland pelo Manchester City ao Borussia Dortmund, por 60 milhões de euros, foi um dos pontos altos em matéria de transferências no defeso do futebol europeu.
A imprensa britânica até já antevê uma rivalidade entre Haaland e “Nuñez”, como chamam a Darwin Nuñez, que o Liverpool “foi buscar” ao Benfica por 100 milhões de euros. Espera-se que ambos sejam os pontas de lança de referência das duas equipas mais fortes da Premier League de 2021/22.
Mas até que ponto será Haaland capaz de rivalizar com Sergio Agüero, a grande referência do ataque “citizen” da última década?
Dada a juventude de Haaland, prestes a completar 22 anos, há quem antecipe que ele poderá ser o novo Agüero para estruturar o ataque do City pelos próximos 10 anos. Porém, de acordo com o Daily Mail e outra imprensa internacional, o Real Madrid já estará a planear contratar o jovem norueguês em 2024!
Vejamos as estatísticas atuais de Haaland e comparemos com o percurso histórico de “Kun” Agüero, para ficarmos com um quadro mais claro.
Erling Haaland: estatísticas gerais
De acordo com o Transfermarkt, o jovem Haaland já participou em 183 jogos, tendo concretizado 135 golos e “oferecido” 36 assistências. Note-se que o Transfermarkt não contabiliza 17 jogos e 20 golos marcados por Haaland ao serviço das equipas B do Bryne e do Molde, nos terceiro e segundo escalões da Noruega, entre 2015 e 2017!
A média de golos por jogo é de 0,74.
Se tivermos em conta apenas a Bundesliga, o mais importante campeonato nacional no qual Haaland jogou antes de se transferir para o City, são 62 golos em 67 jogos – uma média de 0,93 golos por jogo. Acrescem ainda 19 assistências.
Haaland na Champions League
Os números do jovem norueguês são especialmente impressionantes no que toca à Liga dos Campeões. Ao fim de três participações, já leva 19 jogos e 23 golos – uma média de 1,21 golos por jogo. Acrescentem ainda 3 assistências e uma média global de 64 minutos por jogo.
Recorde-se que Haaland fez 22 anos em julho!
Sergio Agüero: estatísticas gerais
Entre 2011 e 2021, Agüero fez 390 jogos ao serviço dos “citizens”, tendo concretizado 260 golos e ajudado com 73 assistências.
Naturalmente que a Premier League foi o palco de referência, com o argentino a participar em 275 partidas, apontar 184 golos e assinar 55 assistências no campeonato. Nas competições europeias foram 69 os jogos nos quais Agüero alinhou pelo City, apontando 43 golos.
Dado o sucesso continuado dos “Blues”, este percurso foi maioritariamente feito na Liga dos Campeões, excetuando a “caída” para a Liga Europa na época de 2011/12 e o play-off de acesso à Champions na época de 2016/17.
Se tivermos em conta o conjunto da carreira, estes números engrossam. O Transfermark contabiliza 669 jogos, 381 golos e 118 assistências desde a longínqua época de 2002/03, tendo Agüero sido um dos mais jovens jogadores a estrear-se no primeiro escalão sénior do futebol argentino.
Se não fosse pela arritmia cardíaca que se manifestou no final de 2021, já de regresso a Barcelona, Agüero teria seguramente continuado a jogar.
Comparação direta
Agüero chegou aos “citizens” com 23 anos. Não sendo rigorosamente a mesma idade de Haaland, é evidentemente muito aproximada – ambos são já seniores consagrados, mas jovens, estando naquela fase de “explosão” entre o início e a fase de maturidade.
Assim, faz sentido comparar a primeira época de Agüero no Manchester City com a época de Haaland no Dortmund, para tentarmos verificar – pesem as diferenças entre os campeonatos, bem como a década que passou – se tal comparação é possível.
Primeira época de Agüero no City
O argentino participou em 48 jogos durante a temporada, destacando-se os 34 para o campeonato e os 10 para as competições europeias (entre Champions e Liga Europa, como já referido). Os restantes quatro jogos foram pela Taça de Inglaterra (FA Cup) e pela Taça da Liga (League Cup). Concretizou 30 golos e fez 12 assistências.
Desses 30 golos, 23 foram na Premier League, fazendo do argentino o terceiro melhor goleador dessa temporada. Apenas Robin van Persie (Arsenal, 30 golos) e Wayne Rooney (Manchester United, 27 golos) fizeram melhor.
Para a história ficou uma média de 0,68 golos por jogo; um bom resultado, embora apenas o 6º melhor nessa temporada:
- Papiss Demba Cissé: 0,98 (13 golos em 14 jogos)
- Wayne Rooney: 0,79 (27 golos em 34 jogos)
- Robin van Persie: 0,79 (30 golos em 38 jogos)
- Djibril Cissé: 0,75 (6 golos em 8 jogos)
- Nikica Jelavic: 0,69 (9 golos em 13 jogos)
Quanto a assistências, 10 foram na Premier League, deixando-o a par de vários outros grandes nomes do futebol inglês dessa época (Adebayor, Young, etc.), mas longe do recordista que foi David Silva, com 17.
Última época de Haaland no Dortmund
Haaland apontou 29 golos em 30 jogos na temporada que agora findou, acrescentando 8 assistências. 22 desses golos foram concretizados na Bundesliga, fazendo do norueguês o terceiro melhor marcador da época, atrás apenas de Robert Lewandowski (Bayern Munique, 35 golos) e de Patrick Schick (Bayer Leverkusen, 24 golos).
Em termos de média de golos por jogo, Haaland terminou no segundo lugar, com 0,92, correspondendo a 22 golos em 24 jogos. Só o inevitável Lewandowski fez melhor, terminando com uma média estupenda acima de um golo por jogo: 35 golos em 34 golos significam uma média de 1,03.
As oito assistências de Haaland na Premier League deixam-no, de forma semelhante à nossa análise para Agüero, no meio do pelotão e algo longe de Thomas Müller, o “número 10” do Bayern Munique que fez 21 assistências – uma parceria frutuosa com Lewandwski.
Comparação alternativa: Agüero no Atlético Madrid
Detalhemos um pouco, ao melhor estilo dos tipsters profissionais, e vejamos como foi a última época de Agüero em Madrid antes de rumar a Manchester. O argentino participou em 41 jogos:
- 32 na liga espanhola
- 4 na Taça do Rei (Copa del Rey)
- 4 na Liga Europa
- 1 na Supertaça Europeia
Apontou um total de 27 golos, assegurando uma média de 0,66 golos por jogo. Na “La Liga”, especificamente, concretizou 20 golos em 32 jogos, perfazendo uma média de 0,63 golos por jogo. Fez ainda um total de 7 assistências.
Potencial em perspetiva
A análise da primeira época de Agüero no City veio recordar-nos um facto importante. Nem sempre as estatísticas mais imediatas oferecem um retrato absoluto do que será uma carreira a longo prazo de um determinado jogador. Existem vários outros fatores que podem ter sempre impacto.
O perfil mental e psicológico
O primeiro é evidentemente o perfil mental, que é muito difícil de retratar em números.
Um jogador com excelentes estatísticas e sucesso precoce poderá “deslumbrar-se” com o nível que atingiu e deixar-se “cair”, ficando à sombra dos resultados já alcançados. Os exemplos são bem conhecidos, desde Fábio Paím a Ronaldinho Gaúcho (tendo em conta que ambos se deixaram “cair” em patamares bem diferentes).
Outra vertente do perfil psicológico é a incapacidade de aguentar a pressão. Mesmo que um jogador não “desista” de trabalhar e de dar o máximo, a pressão e as expetativas criadas em torno de si podem levá-lo a quebrar psicologicamente.
“Hype” da imprensa
Em alguns casos, muito específicos, poderá haver um “hype” criado pela imprensa desportiva – por vezes em conluio com determinados agentes futebolísticos – e que não é, sequer, baseado em dados estatísticos.
Foi o que aconteceu com Martin Odegaard, o também norueguês adolescente contratado pelo Real Madrid, de quem se dizia poder vir a ser o novo Messi. O próprio Odegaard, de forma excecionalmente madura para os tenros 16 anos que ostentava à data, alertava contra esse “hype” e dizia que demoraria 10 anos até atingir o seu potencial máximo.
Atualmente, tendo apontado 7 golos em 36 jogos pelo Arsenal na Premier League em 2021/22, e sendo já capitão da seleção do seu país, é certo que Odegaard não está a caminho de ser o novo Messi – mas de forma alguma é um caso de insucesso.
Circunstâncias imediatas
Há certas circunstâncias não identificáveis nestas estatísticas e que escapam ao controlo do jogador. É essencial um balneário unido e estável, onde um jogador com potencial, mas que precise de ser acompanhado e não de “batalhar” com dissensões internas, possa evoluir.
Nesse caso é importante verificar o histórico recente de cada equipa:
- Se houve mudança de treinador;
- Se não houve, avaliar os resultados da época anterior e compará-los com as expectativas em torno do respetivo clube;
- Se há notícias que revelem instabilidade ou se, pelo contrário, parece haver harmonia entre todos os setores do clube.
Neste sentido, parece seguro afirmar que Haaland tem boas condições para se afirmar no Manchester City. O treinador Pep Guardiola mostrou-se muito satisfeito com a sua contratação e afirmou até que seria fácil para o norueguês integrar-se no estilo de jogo do City.
Conclusão: Haaland poderá superar Agüero
Em todo o caso, seguramente que os números de Haaland, comparando com os números relativos ao início da carreira de Agüero, apontam numa direção favorável.
Destaque-se a média de golos por jogo na última época de Haaland comparada com a última época de Agüero no Atlético Madrid: 0,92 contra 0,63. Isto deixa antever que a possibilidade de que venha a ser o grande pilar do ataque do City é real, tornando-se assim um dos goleadores de renome na Europa.
A relação entre Haaland e o City será muito interessante de acompanhar na próxima época. Acompanhe tudo aqui mesmo no Odds Scanner!
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